Para descansar da prisão de Usher, decido ir ver a feira espírita
no Shopping Boullevar Nações. Mas estou em horário de síndrome, 19 horas. É
horário de passagem onde me ataca o TOC, a bipolaridade, e a epilepsia, segundo
os médicos. Em frente vou. O prédio iluminado é um ciclope que me assusta. Os
seguranças ficam inquietos com minha presença. Como se eu fosse um bandido. E
vou me enervando. E não acho a feira do livro. Subo e desço escadas rolantes
abismais. Percorro corredores de luzes fortes, som alto e jovens agitados. Já
estou suando, coração disparado, extrassístoles. Estou na barriga do monstro,
com medo de cair morto ali. Morrer sozinho no Shopping. Tudo é gigantesco e
amendrontador. Ninguém indica nada direito. Acho a feira do livro escondida numa
caverna sombria. Mas, exausto, quero ir embora. Mas não acho a saída. Me
arrasto pelo labirinto de corredores desesperados. Encontro uma senhora que
também está perdida. Agonia. Finalmente saio do prédio. E vou parar no parque
de diversões sobrenatural. Parece filme de terror. O parque vazio funcionando
me assusta. Começo chorar. Aparece um segurança que me indica a pequena saída
na cerca metálica. Estou cheio de dor e náuseas de vertigem. Perdido na noite.
Um ônibus me leva pra casa. A casa de Usher me acolhe de volta. Ela me envolve
em sua concha negra. E eu afundo no abismo dos últimos tempos.
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