terça-feira, 14 de janeiro de 2014

MEUS AMIGOS - DUDA, O ANJO QUE FOI EMBORA - 14/01/2014

Em 1974, eu e Sergio Lhamas fomos passar os feriados em S. Paulo no apartamento de Nádia e Vera. De repente, chegam dois rapazes. Lauri, moreno, grande e forte. E Duda. Um louro esbelto de olhos verdazuis. Um deslumbramento. Um anjo. Ficamos amigos. À noite, saimos juntos pela cidade. Entusiasmados, felizes. Um se contando para o outro. Levou-me até às boites barra-pesadas, as putas e os travestis. Na praça elevada ali perto, a gente era como dois meninos, felizes. Foi só. Dia seguinte, as moças do apartamento e meus amigos Sergio Lhamas e Egas Berbert, aborrecidos comigo. Até chorei de mágoa. Uma delas me apontava como pessoa bonita sim, mas que só trazia problemas. Os dois rapazes voltaram e Nádia falou pra eles que eu era encantador, mas também era um perigo. No domingo, fomos à casa de Duda. Ele foi afastado de mim. E me avisaram para não procurá-lo. Lauri, o belo amigo dele vem à mim e me pede para afastar-me do outro. Disse que eu já tinha tudo e ele só tinha Duda para amar.



Meses depois, no CIENTE, clube da Engenharia, surge o Duda. Ficamos juntos até três da manhã. Ele me oferece carona no carro das moças para voltar à S. Paulo. Furiosas elas o repreendem na minha frente. Uma viagem terrível, onde fui rejeitado e repudiado de novo. Largaram-me numa rua no centro de S. Paulo. Nunca mais vi Duda. E nunca mais esqueci dele.

Em 2009, Nádia, na casa de amigos me fala que Duda morreu bêbado aos 40 anos. Chocado, tento lembrar o passado, a inocência daquela noite com Duda em que não entendi a reação de todos contra mim. Ela então alterada rebate que eu poderia prejudicar o irmão de sua amiga Vera, que tinha só treze anos de idade. Maldita mentirosa.
As fotos que eu trouxe são da época. Ele tinha dezoito anos.
A complexidade humana pode ser terrível.
Que Deus as perdoe.

NOTA:
No dia que me rejeitaram no apartamento, Vera a irmã de Duda sai comigo pela rua e me diz que se a gente se amasse ela respeitaria isso. Mas não era nada disso ainda. Éramos duas almas encantadas uma pela outra.

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