O MEDO DA COPA E O MENINO ONÇA
12/06/2014 – Já de manhã o medo me pega. Medo das vuvuzelas,
medo dos gritos agitados das pessoas. Não gosto de futebol nem de barulhos.
Tento impedir que tudo isso invada a Casa de Usher. Vou selando portas e
janelas. Coloco algodão nos ouvidos de todos os cães. Nos meus ouvidos também.
Tranco-me em Usher. No escuro do quarto, fico abraçado com Perdita, a mais
apavorada. TV ligada sem som. Então vejo o menino moreno abraçando e beijando
todo mundo (eu também fui assim). Um close mostra os olhos de Neymar, olhos de
onça. Encantadores olhos de onça, cheios de ternura. Quando começa tocar o Hino
Nacional, a imagem do menino, felino, vespertino de alma me toma. O povo começa
canta nosso hino. O povo chora. Então eu sinto “DEUS, É O MEU POVO, SE BEM QUE
NUNCA ME ACEITARAM, ASSIM COMO A FAMILIA, É O MEU POVO, É MINHA GENTE, AS
LÁGRIMAS JORAM DOS MEUS OLHOS EM URGENTE REDENÇÃO. ESTOU SEM ÓDIO, SEM RAIVA, SEM MÁGOA.
PERDITA, A CADELA SABE DISSO E SE ACONCHEGA A MIM E ESTÁ CALMA. ELA SENTE O
AMOR QUE VIBRA EM MIM, POR TODAS AS PESSOAS DO MUNDO. PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA
ASSISTO UM JOGO INTEIRO. VIBRO COM A VITÓRIA”.
Nessa noite dormi bem, abençoando Neymar, o menino onça que
mostrou-me uma trilha na floresta . Isso pode me levar à fonte da salvação.
Espantado percebi que o povo não fez barulho, nem loucura,
nem violência.
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