sexta-feira, 25 de julho de 2014

SALÃO GRENAT - AS CORTINA DE FEDRA - Parte 1

Atras das cortinas de Fedra e entre as colunas do palácio de Egeu, correu um trecho do rio da minha vida.
Em 1972 eu estava à deriva em São Paulo. Em Bauru a FEBATA liderada por Celina Nunes e Paulo Neves promoviam o 10º Festival de Teatro. Concorrente de São Paulo, o diretor Eloy de Araujo iria trazer sua montagem de Fedra Tragédia Grega. Com ele vinha junto o famoso cenógrafo de TV Gilberto Vigna e a figurinista Eugênia Rodrigues.



O Professor e jornalista Antonio Carlos Meira fazia a cobertura do evento para o DB. Ele a conselho de minha mãe me chama para vir atuar no espetáculo. Vim. O diretor Elóy na primeira reunião com os 30 elementos da peça não simpatizou comigo. Eu era o único que entendia de tragédia grega, isso o incomodou. Os jornais noticiavam página inteira sobre Fedra. Minhas fotos e minha vida apareciam sempre. E isso incomodava muita gente. Contudo, conquistei todo o elenco. Tirando 2 ou 3 pessoas, os demais me adoravam. Eu distribuia carinhos e abraços para todos. Para 2 ou 3, eu ia além, ia dos abraços aos amassos. Isso também trazia problemas, hoje eu sei. Mesmo com o fato de que eu era totalmente virgem no sexo, eu namorava todo mundo sem transa nenhuma. Depois eu soube que os comentários eram diferentes.
Começou um período delicioso. Ensaios 3 vezes ao dia, amizades, alegrias. O Meira sempre vivendo em alta sociedade era convidado para festas e jantares. E eu também era convidado. O diretor e as outras pessoas nunca eram convidadas. Deu rolo pra mim. Começaram queixas para que eu não fosse aos eventos, ficando com o pessoal no grupo de trabalho. Loucamente contente com tudo eu não percebia a coisa se avolumando contra mim.
Eu havia levado minha grande amiga Marilda Liz de Oliveira para o grupo. Exótica e carismática, possuindo um vozeirão ela ficou com o papel de Fedra. Um dos príncipes, o mais bonito, no vestiário exibia pra mim sua enorme espada em riste. Sempre sorrindo eu escapava ileso. Contudo, contei o detalhe da bem dotada arma para uma manequim no Rio de Janeiro que estava no elenco. Ela ficou louca de tesão, pegou o príncipe e casou com ele. Isso também me traria problemas mais tarde com ela. Ciúmes. O diretor, é claro, sabia disso tudo.
Num ensaio, durante coreografia de dança, 21 paravam ajoelhados e só eu de pé. O diretor reclamou e eu falei que essa era a marcação correta. Por 3 vezes a coisa se repetiu. Ele reclamava e eu dizia que essa era a marcação correta. Voce está certo contra todos? Sim, respondí. Chama o coreógrafo. Então se constatou que eu estava certo. Nem sempre é bom estar certo. A antipatia dele aumentou.

                                                                                      Continua..........................
















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